9.10.06

Curió




O curió chega voando sozinho,
aberto e desafrontado do vento.
Mexe a cabecinha para cá e para lá,
salta rápido pela calda pequena,
fazendo aviso de bater asa se precisar.
Pia uma vez e mordisca qualquer curiosidade na terra.
Salta pia mordisca espera mordisca
Se surpreende com um bicho grande atrás de si e
lépido salta esperto de reviravolta.

Torce o bico.
Encurta e amiuda os dois olhinhos.

Confronta o cão preto e calado,
Olho no olho e o corpinho aprumado pelo peito.

O cão espreguiça o corpo e se amasia com a grama,
Nem importância guarda para o curió.

Que assobia.
E pula um bocadinho para ali, desafiador.
O bicho grande não liga,
Deixa o passarinho despreocupado pr’aquele mundaréu de céu e de chão.

O curió desaponta e toma asa e salta vôo.

(para todo mundo nas doze árvores do bando, porém,
e sobretudo para a curió de bico fino e pena cor de céu,
ele contou que embruteceu a vida
e reescreveu o Golias
e o Esopo).