Causa do literar
Citando a efeméride do momento, Cervantes:
"- E é bonito esse seu livro - perguntou D. Quixote.
- Ora se é. Há verdades tão lindas e graciosas, que nem a mentira se lhes compara."
Pois, literar: verdades lindas e graciosas observadas durante os dias. Estou certo, contudo, de que algumas mentirinhas vão passar.
5 Comments:
Lembra-se da resposta do Garcia Marquez à pergunta "Por que escreves?".
Pois é, agora é a minha vez de perguntar: por que você montou um blog?
Agora que tens um nome em construção, respostas convencionais não são admitidas.
Abraços.
Rubão
Ru,
1. Escrevo pelo refúgio.
2. Escrevo para ficar mais feliz, mais triste, mais distraído, mais aterrorizado ou saudoso, e, em todos os casos, mais adjetivo.
3. Escrevo para gostar mais de mim.
(e, surrupiando desavergonhadamente o Garcia Marquez, escrevo para que também os meus amigos gostem mais de mim).
Abraços
Pê,
Curioso seu desconstrutivismo poético nesse seu momento "um nome em construção" !
Tudo bem que, a rigor, você tivesse que dizer "por que escreve ´s`?". Mas a pergunta é : "por que você montou um blog?"
Se é só para escrever, uma folha amarela e uma caneta qualquer bastam. Se é para que te leiam, os e-mails bastavam. Você montou um blog para que te comentem ?
Eu, se fosse pouco convencional, montaria um blog para gostar ainda mais dos meus amigos...
Beijoca.
Thá.
Caro Pedro,
Não lhe conheço mas gostei de sua idéia, e também da questão posta pelo Rubens. "Por que você montou um blog?".
Após ler seus escritos, atrevo-me a tentar responder a questão. Você montou um blog porque ama as palavras e gosta de lhes dar vida, transformando-as em personagens de seus contos. Provavelmente tem no uso das palavras seu ofício ou seu lazer.
Agora, pelo blog, expõe seus personagens ao escrutínio alheio, e espera que seus leitores digam o que cada personagem lhes provoca, como um pai que se inebria com a interação de seus filhos com o mundo.
Caros Thaís e Anônimo,
A pergunta do Rubens é, de fato, tão boa que constrange. Apavora.
Agora, pensando novamente, parece-me que montei um blog porque gosto que as pessoas me leiam e porque gosto de ouvi-las. Antes, porém, porque tenho o desejo de que essas minhas paródias causem, nos outros, o mesmo sutil efeito que alguns livros e poesias me impuseram.
(mais ou menos como quando finalmente entendi o que era uma namorada, lendo “Porquinho-da-índia”; ou quando entendi o que era a confusa sensação de traição e amor, em “O vermelho e o negro”; e a vontade de fugir à noite, na casa que navegava, do Rubem Fonseca).
O blog, então, penso que é para isso. Livre acesso para que as pessoas possam tentar pinçar em cada um dos textos alguma definição para um pequeno retrato da sua realidade (afinal, qualquer escritor tem como ofício o relato de sentimentos que todos nós temos, mas não conseguimos traduzir).
E, sim, há também um saboroso e secreto prazer de pai, inebriando o mundo com os seus filhotes.
Abraços e obrigado.
Pedro Campos
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